O amor não morde. O amor não assusta.
O amor não dói. Eu achava que as coisas eram diferentes, que amor dava frio na
barriga, insônia, congestão nasal, que arrancava pedaço, que deixava a gente
nas nuvens, que era um susto sem fim. Não, o amor não é nada disso. A paixão
nos provoca uma série de sofrimentos. E traz aquela sensação de borboletas no
estômago. A paixão é um comportamento adolescente, que se emburra e devolve os
presentes, que bate porta, que se acha grande coisa, que quase mata no grito,
que dura uma semana ou duas.
Tem muita gente que pensa que ama.
Não sou ninguém para julgar o amor dos outros, longe de mim. Mas o amor, o amor
mesmo, o amor maduro, o amor bonito, o amor real, o amor sereno, o amor de
verdade não é montanha-russa, não é perseguição, não é telefone desligado na
cara, não é uma noite, não é espera. O amor é chegada. É encontro. É dia e
noite. É dormir de conchinha. É acordar e fazer um carinho de bom dia. É ajuda,
mãos dadas, conforto, apoio. E saco cheio, também. Porque de vez em quando o
amor enche o saco. Tem rotina, tem manhã, tarde, noite, tem defeito, tem
chatice, tem tempestade. Mas o céu sempre limpa. Porque o amor é puro como o
azul do céu.
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